Chianti no parque. Uma canção
A Poesia sou eu.
A Poesia é Altair.
A Poesia somos todos.
Murilo Mendes
Sol & Sombra
Sob o arvoredo
Beijo teus pés em Nova York. A poesia és tu
Que esmagas cerejas na boca. É tempo de cerejas na rua
do gato que pesca
Foste a Toscana? Irás a Arles?
Teu buquê de girassóis e a rosa amarela Tua intimação do sangue
Tua intimação do sangue no poema
Tenho saudades de saber de mim
Também tenho saudades de saber de ti
Beijo teu ventre,
a bolha
que cresce e flutua
dança
tua esperança
Sou um eco de ti. Respiro de ti
falas por mim
que falo de ti
És a que une as coisas em mim
Beijo, caótico,
o concerto de tudo
a orquestra de tudo
e o violoncelo
nosso eco de tudo, fundo, fundo
Oh Nina, Nina
Todas as formas te procuram,
querem saber de ti.
Ver mais
poeticamente
o sentido da vida
Buscar as coisas escondidas nas coisas
O amor que me une a ti: ver dor, rubor
Ou a cabana, suas entranhas
Marahu tu coisa de sorver
porto-nuvem toque
não sei de que
Beijo teu beijo, bebo
teu vinho tinto-encorpado
a ferrugem de tudo, senhora
de tua boca e teus lábios
Oh redondezas, Sônia, Sônia
meretriz imaginária
é isto comum a todos?
A costura de tudo?
poesia?
MAX MARTINS, poema inédito com que Márcia Huber me presenteou, enviado de Munique, de onde vinha de férias, sem nunca deixar de visitar o Max. Ela escreve, generosa: "Segue aqui o arquivo com o poema transcrito. Envio-te também uma foto do poeta no Parque da Residência, que era onde bebíamos, em goles rasos para render, a garrafa de Chianti que eu costumava levar de presente em minhas viagens. Várias garrafas, vários goles, várias manhãs e tardes nesse parque. Voltamos lá várias vezes também, depois do poema, com a Nina."