Não vou a enterros.
Que o morto
Se guarde no que é seu.
Se incorro em erro,
Perdoem-me: irei ao meu.
Bom saber que seu “Sangue Ruim” saiu logo no ano seguinte (2005) e “Bacantes” em 2006. Um poeta múltiplo e indisfarçavelmente ativo em seu niilismo. E um Nordeste imenso onde tudo parece estar contra. E está.
FANTOCHES
Os fantoches da rua Sete
Seguem cegos na procissão.
A puta diurna da Palma
Traz uma venérea na alma
E uma cova diária na mão.
Da Ponte Velha a secular ferrugem
Reticente ao trajeto branco da nuvem
Come o estrado, o arco, o vergão.
Os poetas esquecidos no beco
Transam sangue a trago seco.
Dormem como trapos sobre o chão.
Recife, musa, maldição
Cadela suja, traiçoeira
Seta certeira
Encantada cidade do cão.
Cidade porvir, poeta de prefigurações. Um amálgama de noites sem fim.
Ney Ferraz Paiva
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