o verão envelhece, mãe impiedosa (Sylvia Plath)

segunda-feira, 20 de junho de 2016

ENCONTRADOS EM SÃO PAULO ORIGINAIS DE MAX MARTINS



Max Martins deve ter guardado alguns poemas datilografados de Caminho de Marahu durante uma bebedeira em 1982. Os poemas ficaram esquecidos todos esses anos numa pasta de couro. O artista que a usava deve ter pedido ao poeta para guardar os poemas um pouco antes daquele ponto ápice quando os bêbados descem de uma vez ao abismo. Pode ter sido no Bar do Parque, 3x4 ou num dos botecos da Condor, arredores da UFPA. Uma coisa é certa: estavam acompanhados da mulher mais bela da cidade. Ela permaneceria tomada pela poesia durante toda noite como pelas labaredas do inferno. Dias depois o artista viaja para a Alemanha. Trinta e cinco anos se passam, já de volta ao Brasil, radicado em São Paulo, num daqueles instantes em que todas as coisas emergem das sombras, ele se depara com a velha pasta de couro. Pra quê? Soube logo em seguida: os poemas ferviam ali dentro. Não a vida acabada, presa no passado, mas os modos de progressão e resistência da poesia. De toda forma, Max Martins acabaria incluindo esses poemas em Caminho de Marahu, publicado em 1983. E distinguiria extraordinariamente aquele tempo e aquela cidade a que estava ligado indelevelmente. Aquele sistema nervoso – e suas fuliginosas “palavras/ larvas de nada”.










Ney Ferraz Paiva

Um comentário:

  1. Os originais foram encontrados recentemente em São Paulo pelo artista Francisco Klinger Carvalho. Talvez fosse o caso de serem doados e incorporados ao espólio do poeta sob a guarda do Museu da UFPA.

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