Porque eu vou morrer
Stop.
Pára Hércules, solta o Leão de Neméia.
Entope Gibraltar.
Descansa um momento e chora,
porque eu vou morrer.
Aquieta-te Nero,
apaga o fogo de Roma,
larga os cristãos,
segura tua harpa e chora,
porque eu vou morrer.
Escuta Colosso de Rodes,
larga essa tocha,
fecha esse porto,
te senta um pedaço e chora,
porque eu vou morrer.
Acalma-te mar,
descansa tuas águas,
enxuga tuas praias,
afoga-te em ti e chora,
porque eu vou morrer.
Alerta campônio,
põe de lado essa enxada,
expele esse arado,
depressa queima tua casa e chora,
porque eu vou morrer.
Atentai todos os homens.
Papai, um instante.
Olhai por cima,
chorai uns três mares e também morrei,
porque eu vou morrer.
Pára Hércules, solta o Leão de Neméia.
Entope Gibraltar.
Descansa um momento e chora,
porque eu vou morrer.
Aquieta-te Nero,
apaga o fogo de Roma,
larga os cristãos,
segura tua harpa e chora,
porque eu vou morrer.
Escuta Colosso de Rodes,
larga essa tocha,
fecha esse porto,
te senta um pedaço e chora,
porque eu vou morrer.
Acalma-te mar,
descansa tuas águas,
enxuga tuas praias,
afoga-te em ti e chora,
porque eu vou morrer.
Alerta campônio,
põe de lado essa enxada,
expele esse arado,
depressa queima tua casa e chora,
porque eu vou morrer.
Atentai todos os homens.
Papai, um instante.
Olhai por cima,
chorai uns três mares e também morrei,
porque eu vou morrer.
Torquato Neto, Bahia 12.10.1961