o verão envelhece, mãe impiedosa (Sylvia Plath)

terça-feira, 13 de novembro de 2012


ERNESTO TIMOR



SAUDAÇÃO SEGUNDA 

Fostes louvados, meus livros,
           porque eu acabara de chegar do interior;
Eu estava atrasado vinte anos
           e por isso encontrastes um público preparado.
Não vos renego,
           Não renegueis vossa progênie.
 
Aqui estão eles sem rebuscados artifícios,
Aqui estão eles sem nada de arcaico.
Observai a irritação geral:

"Então é isto", dizem eles, "o contra-senso 
            que esperamos dos poetas?"
"Onde está o Pitoresco?"
            "Onde a vertigem da emoção?"
"Não! O primeiro livro dele era melhor."
            "Pobre Coitado! perdeu as ilusões."
 
Ide, pequenas canções nuas e impudentes,
Ide com um pé ligeiro!
(Ou com dois pés ligeiros, se quiserdes!)
Ide e dançai despudoradamente!
Ide com travessuras impertinentes!
 Cumprimentai os graves, os indigestos,
Saudai-os pondo a língua para fora.
Aqui estão vossos guisos, vossos confetti.
Ide! rejuvenescei as coisas!
Rejuvenescei até The Spectator.
          Ide com vaias e assobios!
 Dançai a dança do phallus
          contai anedotas de Cibele!
Falai da conduta indecorosa dos Deuses!
 
Levantai as saias das pudicas,
          falai de seus joelhos e tornozelos.
Mas sobretudo, ide às pessoas práticas -
Dizei-lhes que não trabalhais

          e que viverei eternamente.
 



              Ezra Paund
tradução de Mário Faustino

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