o verão envelhece, mãe impiedosa (Sylvia Plath)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

EU QUERO QUE AS MÁS LÍNGUAS SE FODAM
João Cesar Monteiro, estreia de Branca de Neve (2000)




– Por que resolveu fazer um filme assim?
– Han?
– Por que resolveu fazer um filme assim?
– Não o pude fazer assado...
– Quem é que não deixou fazer?
– Han?
– Quem é que não deixou fazer?
– Ah, não posso permitir certas coisas. Não estamos a brincar com coisas sérias.
– O que é que aconteceu durante o filme?
– Queriam... queriam uma telenovela...
– Isso são acusações ao produtor do filme.
– Não, são acusações com o serviço público... Que aliás não deveria existir... porque não serve pra nada... não serve nada nem a ninguém... Não gosto de acusação... Dispenso. Não tem história. Que façam uma história então. Com imagens... Já que imagem não tem...

...

– Estais a receber muitos parabéns?
– Han?...
– Agora uma senhora te deu os parabéns...
– Deu os parabéns porque era o meu aniversário.
– Faz anos hoje?
– Faço...
– Achas que esta foi uma boa prenda, esta estreia?
– Vocês é que sabem.
– Dizem as más línguas que foi um sortudo esquecível...
– Eu quero que as más línguas se fodam.
– É comprometido dizer...
– Eu quero que as más línguas se fodam. Ponto final.
– ... o público português veio apreciar um filme que não conhece...
– Eu quero que o público português se foda...

transcrição: ney ferraz paiva

Nenhum comentário:

Postar um comentário