Seis meses depois da morte de Max Martins sonhei com ele a bordo de um balão, ele que navegava em sua rede (navio viking de vela desfraudada) os despropósitos das viagens - e de consolar os simples. Evoé Max!
Pipeline
Hoje não quero ler. Nem nadar.
Nem ficar à sombra da cabana.
Estou trocando a pele e tenho a impressão de que todos estão vendo essa nudez.
I’m shame.
Minhas feridas estão expostas e acho que todos vão descobrir.
Cicatrizes que eu achava ter apagado com o romantismo-rosado do caladryl.
Cadê aquela mulher meio-ana, meio-caio, meio-bloomsbury?
Perdeu-se na Adélia que há em mim:
“Seja mulher! Carrega essa bandeira direito menina! E que Deus te proteja!”.
Uma menina magra que fala pouco e que hoje beija e ri muito mais do que em 1996.
Mas, escreve menos do que nunca.
Talvez seja isso: a literatura, essa vaga, essa onda.
Anda onde?
Estou aqui mais furiosa do que antes, e isso é coisa que sempre fui, com vinco entre as sobrancelhas e por cima dos óculos.
Hoje não posso nadar.
Descobri que os tubarões também sentem cheiro das feridas da alma.
Vou voltar à sombra dos meus livros.
À cabana.
Danielle Fonseca
.
a cada fim seu recomeço
para max martins in memoriam
não reconheci aquele corpo lacrado, fino,
embora o soubesse de max m, magro poeta.
os cortes do tempo ali representados, atino
e mesura da indesejada, formando uma reta,
um risco subscrito à travessia, naquela cuíra
de ainda escrever mais, não para consolar
ou ter de volta o último trago que o traíra
mas para, colmando a lacuna, num dia solar
em marahu, o fôlego ancestral de novo seguir
como se soubesse mesmo ter onde ir
.
Paulo Vieira, 11 fev. 2009.
Pipeline
Hoje não quero ler. Nem nadar.
Nem ficar à sombra da cabana.
Estou trocando a pele e tenho a impressão de que todos estão vendo essa nudez.
I’m shame.
Minhas feridas estão expostas e acho que todos vão descobrir.
Cicatrizes que eu achava ter apagado com o romantismo-rosado do caladryl.
Cadê aquela mulher meio-ana, meio-caio, meio-bloomsbury?
Perdeu-se na Adélia que há em mim:
“Seja mulher! Carrega essa bandeira direito menina! E que Deus te proteja!”.
Uma menina magra que fala pouco e que hoje beija e ri muito mais do que em 1996.
Mas, escreve menos do que nunca.
Talvez seja isso: a literatura, essa vaga, essa onda.
Anda onde?
Estou aqui mais furiosa do que antes, e isso é coisa que sempre fui, com vinco entre as sobrancelhas e por cima dos óculos.
Hoje não posso nadar.
Descobri que os tubarões também sentem cheiro das feridas da alma.
Vou voltar à sombra dos meus livros.
À cabana.
Danielle Fonseca
.
a cada fim seu recomeço
para max martins in memoriam
não reconheci aquele corpo lacrado, fino,
embora o soubesse de max m, magro poeta.
os cortes do tempo ali representados, atino
e mesura da indesejada, formando uma reta,
um risco subscrito à travessia, naquela cuíra
de ainda escrever mais, não para consolar
ou ter de volta o último trago que o traíra
mas para, colmando a lacuna, num dia solar
em marahu, o fôlego ancestral de novo seguir
como se soubesse mesmo ter onde ir
.
Paulo Vieira, 11 fev. 2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário