ENCONTRADOS
EM SÃO PAULO ORIGINAIS DE MAX MARTINS
Max Martins deve ter
guardado alguns poemas datilografados de Caminho de Marahu durante uma bebedeira
em 1982. Os poemas ficaram esquecidos todos esses anos numa pasta de couro.
O artista que a usava deve ter pedido ao poeta para guardar os poemas um pouco antes daquele
ponto ápice quando os bêbados descem de uma vez ao abismo. Pode ter sido no Bar do Parque, 3x4 ou num dos botecos
da Condor, arredores da UFPA. Uma coisa é certa: estavam acompanhados da
mulher mais bela da cidade. Ela permaneceria tomada pela poesia durante toda noite como pelas
labaredas do inferno. Dias depois o artista viaja para a Alemanha. Trinta e cinco
anos se passam, já de volta ao Brasil, radicado em São Paulo, num daqueles
instantes em que todas as coisas emergem das sombras, ele se depara com a velha
pasta de couro. Pra quê? Soube logo em seguida: os poemas ferviam ali dentro. Não a
vida acabada, presa no passado, mas os modos de progressão e resistência da poesia. De toda forma, Max Martins acabaria incluindo esses poemas em Caminho de Marahu, publicado em 1983. E distinguiria
extraordinariamente aquele tempo e aquela cidade a que estava ligado indelevelmente. Aquele sistema nervoso – e suas fuliginosas
“palavras/ larvas de nada”.
Ney Ferraz Paiva
Os originais foram encontrados recentemente em São Paulo pelo artista Francisco Klinger Carvalho. Talvez fosse o caso de serem doados e incorporados ao espólio do poeta sob a guarda do Museu da UFPA.
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